sexta-feira, 13 de julho de 2012

DO ANTIGO CASARÃO AO PALÁCIO DA CULTURA




A primeira casa do Govêrno do Rio Grande do Norte foi o Forte dos Reis Magos. Era a residência do Capitão-Mor, séde administrativa, comando militar, quartel e refugio dos raros moradores. Os soldados moravam dentro do Forte e qualquer comoção geral levava os colonos, ás carreiras, para as muralhas imponentes que garantiam o avanço português no setentrião do Brasil.

O Capitão-Mor governava tres anos. Mas ficava muito mais às vezes dez anos, sem substituto. Durante quasi um século o Forte abrigou o Capitão-Mor, oficiais e soldados. Quando havia Capelão ouvia-se. Missa na Capelinha. Quando o Capelão faltava ia-se á Cidade, pequenina e triste aos domingos, assistir o santo sacrifício.

No Forte morara Jerônimo de Albuquerque, o primeiro Capitão. Fôra séde da administração holandêsa, com Jorris Garstman. Hospedara João Mauricio de Nassau. A Cidade do Natal, uma légua distante, na margem direita do Potengi ía crescendo e atraindo população.

Os Capitães-mores queixavam-se a El-Rei "não terem casas em que se aposentasse tendo-as nas mais Capitanias desse Estado por fazerem a custa da Fazenda Real", como escrevêra Pascoal Gonçalves de Carvalho, em Outubro de 1685. Veio a Guerra dos índios e a Capitania toda entrou em ebulição. O Capitão-Mor deu graças a Deus que o Forte, com suas paredes de pedra, para morar, defendido das flechas.

A vida no Forre devia ser melancólica. O Capitão Mor começou a achar maiores encantos na Rua Grande, hoje Praça André de d’Albuquerque, do que na praça darmas do Santos Reís ou Reís Magos. O Rei não déra casa para residência na Cidade mas o Capitão-Mor transferiu-se, antes da permissão. Em 3 de Julho de 1679, o Senado da Câmara concedia a Estevam Velho de Moura uns chãos para construir, "correndo pela rua que vai para a Casa do Capitão Mor e junto as Casas da Camara". A 1º de março de 1706 Francisco Lopes recebia uns chã “entre as casas em que morão e assistem os Capitães Mores", O Provedor da Fazenda Real denunciára ao Rei o Capitão-Mor João de Teiva Barreto de Menezes pelo crime de conservar na sua porta uma guarda de dez homens, cabo de esquadra, sargento e ajudante e uma luz acêsa a noite inteira. EI- Rei D. João V, de economica e discreta moradia, pedia o parecer o Governador e Capitão General de Pernambuco sobre o desperdício exagerado, em despacho de outubro de 1736. Neste mesmo ano, novembro. EI Rei pensava em mandar demolir a Cadeia (feita em 1722) ou," que seria, conveniente que aquelas casas ficassem para residencia dos Capitães-Mores pelas não terem, fazendo-se junto delas. outra nova Cadeia é Casa da Camara"

Muito antes dessas datas, o Capitão-Mor residia na rua Grande, chamada, em 1789, Largo da Matriz. O assassino do Capitão-Mor Luíz Ferreira Freire atirou-o na noite de 22 de fevereiro de 1722 ferindo-se com dezoito fragmentos de ferro, à porta de sua casa. Esperara longamente, deitado, na relva, escondido deante da Matriz. Em Novembro de 181O, Henry Koster visitou Natal. Na praça, desenbocavam tres ruas, tendo algumas casas de cada lado, todas térreas, um palácio, tres igrejas e o Senado da Camara com a Cadeia, only the ground-floor, the churches, of which there are thee, the palace, townhall and prison. Em 1817, o vigario-colado Feliciano José Dornelas, narrando a entrada de André d'Albuquerque com os republicanos, situa a Casa do Governo: - se apresentou o traidor e facioso André d'Albuquerque deanfe desta Cidade, com a sua tropa e entrou por ela dentro ao som das lagrimas de seus habitantes até o largo entre o Palacio e a Matriz.O Palacio ficava deante da Matriz, do outro lado da praça.

Onde ficava esse Palácio. Ha duas tradições verbais: Uma indica a casa proxima, à Cadeia• (demolida e substituida pelo prédio 604) correspondendo ao numero 608. Outra aponta a última casa do lado, a nº 638, na esquina. Ambas ficam deante da Matriz e podiam identificar-se com o desaparecido Palacio.

Nessa Casa viveram Capitães-Mores e sucumbiu o governo republicano de André d' Albuquerque. Foi aí preso e ferido, viveu nessa casa o primeiro presidente da provincia. Tomás d’Araújo Pereira, nos dias asperos da Confederação do Equador. Quatro Governos despacharam no seu salão, o Govêrno interino de abril-junho de 1817, a Junta Constitucional Provisória, Dezembro de l821 a Janeiro de 1822, o Govêrno temporáro, Fevereiro- Março de 1822, e a Junta de Governo Provisorio, Março de 1822 a Janeiro de1824. As horas tumultuosas e festivas da Independência e Proclamação do Império, como o juramento da Constituição previa e da imperial, foram assuntos discutidos e desenrolados nesse Palácio que ninguém sabe onde ficava. De suas janelas os membros do Govêrno ergueram os vivas protocolares e assistiram os cortejos. Dele sairam para os Te Deum e a deposição. De sua porta distribuiram laços verdes, amarelos. José de Souza Azevedo Pizarro e Araujo, “memoria Histórica do Rio de Janeiro", VI, conta em 1822 quatro sobrados na cidade do Natal, Casa da Câmara, com a Cadeia em baixo, Residência dos Governadores, Fazenda PÚblica (demolido e substituido pelo atual Palácio do Govêrno) e outro mais que estava por acabar nas suas, e que se acabou e é o nº 601 na Rua da Conceição, apelidado a noiva, pela, inclinação do telhado que lembrava o véu duma noiva.

Sabe-se o fim do Palácio, Em meados de 1830 foi demolido. Em dezembro desse ano, na sua FALA ao Conselho Geral da Província, Antônio da Rocha Bezerra, Vice Presidente da Província em exercício, está furioso porque roubaram quasi todo o telhado, madeiras e taboado do velho prédio. Uma subscrição voluntária arrecadara 1:500$000, informa Rocha Bezerra. Em ofício de 17 de Janeiro de 1831,o presidente do Conselho, professor Francisco Felipe da Fonsêca Pinto. sossegava Rocha Bezerra dizendo que os pertences do Palácio estavam guardados pelo Inspetor dos armazéns e demolido o Palácio nada existe nele.”

A Casa do Govêrno era, nesse 1830, outra. Onde ? Na Rua da Cruz, hoje Junqueira Aires, subida-da-Iadeira, num casarão de uma porta e muitas janelas, dum e doutro lado, onde está o edifício da Capitania dos Portos.

Basilio Quaresma Torreão residiu e despachou nesse barração. Nessa casa organizou-se a Provincia. Quaresma Torreão escreveu o primeiro relatório presidencial, a FALA para abrir a primeira Assembléia Legislativa provincial a 2 de Fevereiro de 1835, com o primeiro orçamento. Alí nasceu o Ateneu. Nasceu a Alfândega, Tinhamos então duas comarcas, Natal e Açu, treze municípios, 52 distritos de paz, sete de jurados e vinte e duas escolas, uma meia duzia sem provimento.

Nessa casa ficou exposto o cadaver do Presidente Parrudo, Dr. Manoel Ribeiro da Silva Lisbôa, assassinado a tiro de faca no sítio da Passagem, perto do Baldo, na tarde de 11 de abril de 1838, Alí chorou, velando o corpo do amigo, o doutor Baratinha, Cipriano José Barata de Almeida, com a cabeleira imensa, toda branca e comprida como os cabelos romanticos de Juliêta. Aí morou Ferreira Aguiar, depois barão de Catuama. Daquela casa governaram a Provincia nomes famosos, dom Manoel d’ Assis e Mascarenhas, nosso quarto Senador do Império, o doutor Pinagé, desabusado e bom, Morais Sarmento, grande presidente, amigo de todos, simples e amável, dando vivas oficiais no natalício do imperador vestindo fardão da cintura para cima e de camisão para baixo, Venceslau de Oliveira Belo. brigadeiro, tio materno do Duque de Caxias, esgrimista maravilhoso e que deu o tombo célebre de cavalo perto do Baldo, Araujo Neves que mrreu misteriosamente em março de 1850. o inesquecível Antônio Bernardes de Passos, o Presidente Passos. Que fez o cemitério, o Hospital, comprou o relógio para a torre que ainda não existia na Matriz e enfrentou o terrível ano do Cólera (1856), Nunes Gonçalves, futuro Visconde de São Luiz, trabalhador admirável, Oliveira Junqueira, inteligente, sabendo ver, mandar e prever, Figueredo, Leão Veloso, superior desdenhoso, incrivel de vontade, descortínio, raça de administrador, todos por alí passaram vivendo, olhando o rio Potengí no fundo do quintal e a barranca vermelha da ladeira na frente. O episódio do Presidente Parrudo com o Coronel Estevam José Barbosa de Moura, téma inesquecível para as• conversas nas calçadas coloniais, se passou no casarão.

Pela parte trazeira fugiu para o Potengí o coronel, verde de raiva. Dom João da Purificação Marques Perdigão hospedou-se nesse "Palácio" em Novembro de 1839. O santo Bispo de Pernambuco informa que do Palácio do Govêrno para a Matriz é um pouco distante e cujo caminho é mui arenoso e não plano.

O quarto Palácio do Govêrno era na rua da Conceição, A 27 de Junho de 1862 o presidente Pedro Leão Veloso assinava um contrato com Joaquim Inácio Pereira Junior procurador de seu pai e homônimo para aluguel da casa de sobrado, e de uma sala térrea contigua à mesma casa, sitas na Rua da Conceição desta Capital para residência do mesmo Exmo. Sr. Presidente da Província. O preço era de 800$000 anuais, durando a obrigação contratual seis anos, sendo recendido logo que a Presidência tivesse prédio próprio para sua residência ou que seja a capital transferida para outro lugar.

Era a mudança da casa do Govêrno da Rua da Cruz para a Rua da Conceição.

O palácio resistiu até 1914, sólido, feio, alicerces de pedra, paredes de fortaleza, sobrado de taipa, petrificada e negra, Abandonado, refúgio de morcegos, apavorava a redondeza. Abateram-no para construção da Praça Sete de Setembro. Era o penúltimo edificio antes da Rua Ulisses Caldas.

Nessa Casa de Govêrno dirigiram a Província além dosVices Presidentes em exercício, os Presidentes Olinto José Meira, omnimodo, multiplicando tarefas, iniciando a edifício para a Assembléia Provincial e Tesouro da Província, animador do voluntariado para a guerra do Paraguai, orador, ensaista, filosofo, latinista; Luiz Barbosa da Silva que deixou vários beneficios, Gustavo Adolfo de Sá. o primeiro médico que governou o Rio Grande do Norte, em 1867-68, educado. amável, fundando uma biblioteca pública propondo medidas oportunas que a política partidária mastigou, inutilizando, desinteressada, e, ao sair do Natal recebendo a maiorr girandoIa de foguetes em regosijo pela sua decida, de que há notícia.

Nesse palácio houve o famoso baile de 2 de dezembro de 1868 oferecido ao Presidente Marinho da Cunha que inaugurava o dominio do partido conservadr. O palácio se encheu das elegancias contemporâneas, saias rodadas e amplas, decotes em taça, mangas em presunto, cabeleiras negras penteadas para o alto com um cachinho que descia, tentador, escondendo e mostrando o lobulo da orelha. Nessa noite se conheceu, provou e abusou pela primeira vez gêlo, e bebida gelada. Muito chefe político, austero e soleníssimo, despediu-se do Presidente falando dificil e saiu cercando frango.

Despacharam naquela sala grande os Vice-Presidentes solenes como procissões e simples como água da fonte. Trajano Leocádio de Medeiros Murta, o dono do "Pavilhão" em Papari, Antônio Galdino da Cunha, o bacharel Vicente Alves de Paula Pessoa, sizudo como uma sobre-casaca e que governou 48 horas, Antônio Basílio Ribeiro Dantas, Pai de São José de Mipibú, o vigário Bartolomeu, popularíssimo em Natal, Luiz Gonzaga de Brito Guerra que morreu barão do Assú e ministro do Supremo Tribunal de Justiça do Imperio, Pedro de Alcantara Pinheiro, muito timido e cerimonioso, todos assinaram papeis ilustres com letras lentas que passaram às cronicas da terra.

O presidente Pedro de Barros Cavalcanti de Albuquerque mudou a residencia do Executivo para o bairro da Ribeira, a 9 de Junho de 1869.

A 25 de maio de 1869 assinou um contrato de locação do predio assobradado na rua do Comercio, pertencendo a Domingos H enrique de Oliveira, comerciante rico, O andar terreo ficaria servindo para a Secretaria e o restante para a residencia de sua excelência. Era o sobrado com sotéa, o mais imponente, o mais alto e mais caro do seu tempo, verdadeiro orgulho da cidade. Domingos Henrique de Oliveira alugou-o por 2 :000$ anuais, caso a Provincia o comprasse por 35 :000$... naquele tempo. O presidente Pedro de Barros ainda despendeu 3 :000$ nas adaptações. Instalou o Govêrno alí. Ficou trinta e tres anos. E', inalteravél, o numero 106 da rua Chile, ex-do Comercio e ex-Tarquinio de Souza.

O Governo Imperial não aprovou o contrato de promessa de compra. Autorizou o aluguel de dois contos. Somente. Ainda em 5 de novembro de 1870 Domingos Henrique dirigia-se ao presidente Silvino Elvidio Carneiro da Cunha, depois Barão de Abiai, reclamando. Baixara o preço para 34 :000$ e se não comprasse o prédio o aluguel subia para 2 :600$. Não sei que sucedeu. O Governo continuou na casa, dispondo.

Foi a epoca mais intensa da vida politica da Provincia esses derradeiros vinte e oito anos. Governaram Carneiro da Cunha, o futuro Barão, de Lucena, Henrique Pereira de Lucena que pretendeu mudar a sede provincial para Carnaubinha, Delfino Algusto que visitou o sertão, o inquieto Bandeira de MeIo, Bandeirinha, governando seis Provincias, Alconforado Passos Miranda, Tolentino de Carvalho, Souza Martins, Marcondes Maciado, Alarico, Satiro Dias, Cunha Barreto, Paula Sales que aqui amou, casou e morreu, Altino Moreira Alves, Pereira de Carvalho (Filho), José Marcelino da Rosa e Silva, Fausto Barreto, o filologo. Ali governaram os vices prestigiosos, o vivaz Octaviano Cabral, o seu irmão, Dr. Loló, João Gomes Freire, Juiz de Paz que tomou emprestada a roupa preta para a posse e recusou receber os vencimentos dos 15 dias de administração explicando que nada fizera para merecer dinheiro,Vasconcelos Chaves, senhor do "Ferreiro Torto", casa já velha quando os holandeses chegaram, o coronel Bonifacio Francisco Pinheiro da Camara que nunca quiz ser deputado-geral e os fazia facilmente, chefe saquarema invencivel, Manuel Januario, o grave EucIides Deocleciano, o Dr. Morato, o médico Vicente Inacio Pereira, do "Guaporé", desinteressado, sereno, generoso, Antonio Basilio Ribeiro Dantas, cinco vezes administrativas a Provincia e que entregou o poder aos republicanos em Novembro de 1889, o juiz Alvaro Antônio da Costa, saudoso de São José de Mipibú, Luiz Carlos WanderIey, o primeiro Norte-riograndense que se formara em Medicina, Francisco Amintas da Costa Barros, magistrado, severo, intolerante honesto, cercado de passaros, todos pensaram sob aqueles tectos que podem nenhum pensamento suscitar depois.

O velho Palácio hospedou o Conde d' Eu em Agosto de 1889. Debaixo de sua varanda desfilaram as passeiatas da Abolição. Alí foi proclamada a República. Horas vibrantes sonorizaram as salas, manifestações, receios, planos, os primeiros governadores, AdoIfo Gordo, Xavier da Silveira, Gomes Ribeiro. Ali discutiram os Vices . Nascimento Castro, Jeronimo Américo, o elegante Fernandes Barros o Coronel Gurgel. Dali saiu deposto o Presidente Miguel Castro que apoiara o Golpe de Estado do Marechal Deodoro. Do Gabinete de trabalho, Pedro Velho organizara o Estado nas bases constitucionais Republicanas, resistiu a Floriano Peixoto e empolgou o Rio Grande do Norte. Alí discursou Ferreira Chaves, entusiasta arrebatado.

Aberto Maranhão, em 1902 transferiu a séde administrativa do Estado para a Cidade Alta, para o Palácio do Tesouro.
O Palácio da Ribeira, como o diziam, foi vendido por Domingos Henrique de Oliveira a uma firma comercial do Recife, Tasso & Irmão, por 30 :000$000. Miguel Castro, o presidente deposto em novembro de 1891, comprou o casarão de onde governou o Estado. Seus herdeiros o possuem ainda. Longos anos; o velho Palácio se tornou cabaret, o Wonder Bar...

O último Palácio tem história velha e clara. Nasceu para funções políticas e continua abrigando repartições, mezinhas, papelorio, convenções, ordens, sonhos e decepções.

Pizarro e Araújo, descrevendo Natal em 1822 cita, entre os quatro edifícios com um andar superior, ao da Fazenda Pública.

Ficava na Rua da Conceição, com oitão livre mas não alcançava Praça André de Albuquerque, no lado oposto a rua. Ao lado direito seguia-se uma fila de casas, derrubadas para a construção do Parque do Palácio. À esquerda passava uma travessa ligando a Rua da Conceição à rua Grande (praça André d' Albuquerque). Chamavam-na Travessa do Tesouro, porque lhe passava lateral. Onde esta a praça ?Sete de Setembro, era rua de casas, residenciais da Rua da Conceição, quasi todas pertencentes ao comendador Joaquim Inácio Pereira, nos últimos anos da monarquia.

Em fevereiro de 1860 o Presidente Oliveira Junqueira avisava que o edifíco estava em mau-estado, necessitando reparos imediatos, O andar térreo servia à Tesouraria Provincial e o superior às Sessões da Assembléia Legislativa.

Em Fevereiro de 1861, o presidente José Bento da Cunha Figueiredo Júnior dizia ter mandado retelhar a casa, caiando a fachada principal e lateral. O Diretor de Obras Públicas propuzera demolir o sótão, e aumentar até a Rua Grande o edifício, que assim ficaria um dos melhores da cidade, com excelente acomodações. Neste caso se mudarla para aquela rua a entrada principal que hoje está nos fundos do mesmo edifício.

Em 1865 o Presidente Olinto José Meira verificou que a remodelação seria caríssima e mais lógico a construção de um prédio novo, para a Assembleia Provincial, Tesouraria, Camara Municipal, J uri e outras repartições. A planta do engenheiro Ernesto Augusto Amorim do Vale começou a ser realizada, Desapropriaram por 1 :500$ uma casinha do padre Francisco de Paula Soares da Camara, para o lado do futuro parque. O orçamento inicial era de 77.797$168. Todas as FALAS presidenciais daí em diante, registam adiantamento do serviço.

O presidente Carneiro da Cunha, em Maio de 1870 declarava: - "Aí. está o edifício destinado ao Paço da Assembléia e outras repartições onde se tem gasto cento e dez contos, novecentos e setenta e nove mil, duzentos e oitenta reis, e talvez seja ainda precisa quantia, não menos, de trinta contos de reis."
Finalmente acabaram a construção. O engenheiro Feliciano Francisco Martins, dá-nos o dia da entrega do Palácio: - 17 de Março de l872.

Faltava o serviço de retelhamento. Nove dias depois pagava-se nove mil reis por essa tarefa.
O vice-Presídente Bonifácio Câmara, em Junho, de 1873, escrevia: - "Estão concluídas as obras desse importante edifício, que custou à Província a quantia de 139: 169$000. Acham-se atualmente nele funcionando, e comodamente, a Tesouraria Provincial e a Repartição do Correio no, andar Térreo, sendo destinado o andar superior para as vossas sessões, as da Câmara Municipal e do Juri".

A Repartição do Correio, instalada a 16 de Março de 1873, pagava dezesseis mil reis por mes de aluguel.

No Palácio da Assembléia, como andaram chamando por algum tempo hospedou-se Dom José Pereira da Silva Barros, Bispo de Pernambuco, futuro Conde de Santo Agostinho, declaradamente abolicionista. A visita pastoral foi em Agosto de 1882.

O Superior Tribunal de Justiça instalou-se num dos salões do Palácio a 1º de Julho de 1892.

O Governador Alberto Maranhão, a 10 de Março de 1902 despachou o expediente administrativo no Palácio do Tesouro, daí em diante denominado "Palácio do Govêrno", o sexto na, série.

Na fachada lateral, onde há entrada, avista-se a data: - 1868.O prédio começou em 1865 e terminou em 1872. A data, evidentemente, não exprime relação com os principios e fins da obra. Será, possivelmente quando a fachada ficou pronta.

Ainda é o melhor, mais simples e bonito dos edifícios oficiais. Equilíbrio, sóbrio, a harmonia do conjunto, a disposição clássica do janelório, imprime feição antiga, para muito atraz de 1872, quando nasceu na feição nítida, sugestiva, nobre, dos Paços portugueses.

Um olhar denunciará que é uma casa de Govêrno, séde de comando, lugar de chefia, responsabilidade, decisão. Mas não se esconde um halo de simpatia comunicava, de convite a entrar, conversar, sentar-se como se houvesse um sentido invisível e presente de intimidade e confiança humana, no pIano da irradiação cordial.

Luis da Câmara Cascudo
(História da Cidade do Natal)

Obs.: Esse texto é um recorte da cópia do livro História da Cidade do Natal, a qual foi escaneada e o texto digitalizado, algumas diferenças gramaticais são inerentes ao próprio livro. A cópia do livro encontra-se na Pinacoteca do Estado.

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Marilia Jullyetth Bezerra das Chagas, natural de Apodi-RN, nascida a XXIX - XI - MXM, filha de José Maria das Chagas e de Maria Eliete Bezerra das Chagas, com dois irmãos: JOTAEMESHON WHAKYSHON e JOTA JÚNIOR. ja residi nas seguintes cidades: FELIPE GUERRA, ITAÚ, RODOLFO FERNANDES, GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO e atual na cidade de Apodi. Minha primeira escola foi a Creche Municipal de Rodolfo Fernandes, em 1985, posteriormente estudei em Governador Dix-sept Rosado, na no CAIC de Apodi, Escola Estadual Ferreira Pinto em Apodi, na Escola Municipal Lourdes Mota. Conclui o ensino Médio na Escola Estadual Professor Antonio Dantas, em Apodi. No dia 4 de abril comecei o Ensino Superior, no Campus da Universidade Fderal do Rio Grande do Norte, no Campus Central, no curso de Ciências Econômicas. Gosto de estudar e de escrever. Amo a minha querida terra Apodi, porém, existem muitas coisas erradas em nossa cidade, e parece-me que quase ninguém toma a iniciativa de coibir tais erros. Quem perde é a população.

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